O Vicente Sou a Margarida, tenho 35 anos e sou mãe de primeira viagem de um bébé prematuro.. Foi uma gravidez tranquila em que tudo corria conforme idealizado até às 27 semanas e 3 dias de gestação.. Nesse dia (20 de Julho de 2015) fui internada de urgência no hospital de Faro com contracções e cólo do útero reduzido para o tempo de gestação (19mm ao invés de 40).. Durante uma semana estive internada em repouso absoluto, com medicação para parar as contracções e injecções para maturar os pulmões do bébé.. No dia 27 de Julho de 2015, com 28 semanas e 3 dias de gestação, às 20h03 nascia um grande amor, o pequeno guerreiro Vicente (1250g de peso, quando foi medido a primeira vez aos 10 dias de vida, tinha 36cm).. A sensação de ser mãe começava ali, naquela sala de partos mas o percurso que se seguiria não se avizinhava fácil.. Vi-o por breves momentos, ouvi-o chorar intensamente e fiquei esperançosa pois sabia que era bom presságio chorar após o nascimento.. Não tive a felicidade de o ter nos meus braços pois foi levado de imediato para uma incubadora.. Nesse dia não o pude ver mais nem tê-lo perto de mim como acontece com a maioria das mães e isso foi um choque inesperado.. O David, pai do Vicente, teve autorização para o ver por volta das 23h00 desse mesmo dia e enviou-me algumas fotografias que recordo tão bem.. No dia seguinte por volta das 9h30 fui acompanhada por uma auxiliar até à unidade de neonatologia do hospital para ver o meu pequeno príncipe.. Entrei numa sala escura e pesada e vi o Vicente numa incubadora.. Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo.. Feliz pois o sonho de ser mãe era real.. Desejava do fundo do coração que a evolução fosse positiva mas tinha muito receio daquilo que poderia suceder.. Aprendi a viver um dia de cada vez e a festejar pequenas grandes vitórias (recordo o primeiro toque nas suas pequenas mãos, o dia em que fiz canguru pela primeira vez - ver que o contacto pele a pele com o meu filho fazia com que os níveis de saturação de oxigénio subissem e o ritmo cardíaco normalizasse deixava-me profundamente contente, a primeira muda de fralda, a primeira vez que lhe pude dar banho numa banheira em vez do habitual banho “à gato”, quando atingiu os tão desejados 2kg, o dia em que conseguiu mamar pela primeira vez sem se “esquecer” de respirar). Felizmente e embora com algumas pedras no caminho o Vicente recuperou bem do seu nascimento precoce e teve alta após 77 dias de internamento.. Era dia 12 de Outubro de 2015 e o Vicente pesava 2500g e media 48cm.. O que fazer..? Como fazer..? Tantas dúvidas e inquietações num momento de enorme felicidade, o dia em que o Vicente conhecia finalmente a “sua casa”.. Como a tão desejada “alta” foi dada durante o início da noite, chegámos a Albufeira por volta das 21h00.. Com muita ansiedade e um pouco de nervosismo à mistura cuidámos do nosso bébé o melhor que sabíamos.. Mudar a fralda, dar-lhe de mamar e aconchegá-lo na sua caminha acoplada à nossa.. 
O medo de que o Vicente pudesse não respirar bem e nós não nos apercebermos tomou conta de nós e passámos (o pai e eu) a noite a contemplar o principezinho que felizmente se adaptou perfeitamente à nova realidade, agora sem fios nem monitores.. No dia 21 de Outubro tivemos o privilégio de ter a visita de uma médica e de uma enfermeira da unidade de cuidados intensivos e neonatais do Hospital de Faro ao domicílio para uma observação (durante o internamento o Vicente foi “escolhido” pela médica em causa para ser objecto de estudo de uma formação NIDCAP – “Newborn Individualized Developmental Care and Assessment Program”, que de forma sucinta consiste em acompanhar o desenvolvimento de um bébé prematuro ao longo da sua jornada no internamento, com observações regulares e respectivos relatórios, e culmina numa visita ao domicílio.. deste programa resultou um livro, que ficará como uma eterna recordação).. O tempo foi passando e o nosso pequenino mostrou ser muito forte e capaz de superar com sucesso todas as etapas que se seguiram.. Hoje, tem 16 meses, cerca de 8kg e 80cm e é um menino muito doce e reguila que gatinha para chegar onde quer e até já se equilibra em pé e consegue andar quando agarrado a um sofá e/ou mesa.. Termino este testemunho dizendo que para mim é uma bênção ser mãe de um bébé prematuro. Apesar das contrariedades inerentes, houve variadíssimos aspectos positivos nesta batalha.. Não posso deixar de agradecer a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o bem-estar da nossa família.. Ao David, aos parentes, aos amigos, aos colegas de trabalho, aos médicos, aos enfermeiros, aos auxiliares e, até, aos desconhecidos.. O meu sincero OBRIGADA..!

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